Os dois lados da história



A reunião matutina da AIEA desta sexta-feira (12) teve início com a discussão sobre mostrar ou não os lados negativos da energia nuclear.
Por Alice Andrade, Agência SOI NEWS


Viena- “A mídia internacional fala em relação aos malefícios, mas é sempre bom mostrar os dois lados. Exibir negatividades não para causar pânico à população, mas para expor que os pontos fracos também podem ser corrigidos.”. Essas foram as palavras introdutórias do delegado da Jordânia, Valter de França Gomes, que incitaram o debate inicial do encontro da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) a respeito de mostrar ou não os aspectos positivos e negativos da energia nuclear para a população mundial.


O que se pode perceber é que, apesar de já ter se passado mais de um ano desde o acidente de Fukushima, as conseqüências da catástrofe nuclear ainda podem ser percebidas fortemente no contexto internacional. Alguns países reduziram o uso dessa matriz energética, assim como o Japão, o qual possuía 50 usinas ativas antes do desastre e atualmente conta com apenas duas. A Itália também é um exemplo disso, visto que sua população votou contrariamente à energia nuclear em um plebiscito realizado em 2011, após a tragédia ocorrida em Fukushima


Nessa perspectiva, as primeiras discussões giraram em torno dessa questão. A delegada dos Estados Unidos rebateu a afirmação da Jordânia dizendo que mostrar os pontos negativos causaria pânico à população. No entanto, ela assegura que não se trata de enganar a sociedade e exibir apenas o lado bom, e sim trazer o que está sendo feito para que os problemas sejam solucionados. Portugal concorda e ainda acrescenta que precisa do apoio da população, pois utiliza energias poluentes e precisa mudar tal quadro.


A China se pronuncia dizendo que a quebra de paradigmas é essencial para provar à sociedade que para cada problema que envolva usinas nucleares há uma solução. Enquanto isso, a Bélgica discursa que mostrar apenas um lado é totalmente antidemocrático. Na sequência, há uma pequena discordância entre os EUA e o delegado da Áustria quando este diz que a população é quem deve decidir o que pensar sobre as matrizes energéticas nucleares. Ela pontua que o aquecimento global, agravado pelo uso de combustíveis fósseis, também assusta o mundo.


As opiniões parecem começar a seguir uma mesma linha apenas quando a delegada do Equador fala que a solução definitiva é “prestar esclarecimentos”. A fala seguinte, do Egito, confirma a mesma ideia. Além disso, durante a reunião, o delegado representante do Paquistão, Daniel Colom, retomou brevemente o debate à cerca da política de privacidade do seu país e afirmou: “Somos um país aberto para a comunidade internacional. Nossa privacidade é mínima assim como a de quaisquer outros países.”.


Inesperadamente, a reunião da AIEA recebeu um comunicado urgente do secretário Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Rafael Diógenes, que declarou que altos níveis de radiação foram detectados no leste no Afeganistão. Ele informou também que eles provinham da região do Paquistão, provavelmente de algum tipo de acidente que tenha liberado uma nuvem radioativa. O secretário finaliza pedindo para que o tema seja debatido entre os delegados e exige soluções.

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