China defende que Estado não deve ser passivo sobre as usinas nucleares

Delegados discutem o papel do Estado dentro do panorama nuclear. Discordâncias surgem entre China e Finlândia


Alice Andrade, Agência SOI News

Viena (Áustria) – Após uma crise no final da manhã desta sexta-feira (12), causada por um ataque terrorista ao reator de Chashma, no Paquistão, a reunião vespertina da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) continua seguindo pontos do tópico A da agenda. Um dos temas mais abordados foi a questão do papel do Estado dentro do contexto de exploração da energia nuclear.

Durante os discursos, o delegado da China, Felipe Afonso, afirmou que o Estado tem a obrigação de assumir a responsabilidade das usinas nucleares, tanto na exploração energética quanto no aspecto da regulação. Ele defende a ideia de que as empresas privadas, na figura de instituições capitalistas, visam lucro e deixam a população local em risco, pois não se preocupam tanto com a segurança quanto deveriam.

Já a Finlândia discordou totalmente da opinião do delegado chinês. A delegada Geórgia Diógenes expôs durante a reunião que as três empresas que regulam as atividades nucleares em seu país são de extrema confiança e lembra que até hoje não houve um acidente relevante em seu território. “A fala do senhor delegado da China é totalmente irrelevante. Há uma soberania estatal e a decisão vai de acordo com a cultura de cada nação”, ela alegou.

Ainda dentro desse contexto, o representante da China insistiu na discussão e completou: “O Estado não pode ser passivo. Se acontecer um acidente, a população vai atrás da empresa? Não, tem que ir atrás do Estado. As nações são responsáveis sim pela energia nuclear dentro do seu território.”

Quanto ao pronunciamento das maiores potências nucleares, os Estados Unidos – detentores de 104 dos reatores nucleares em funcionamento - defendeu a participação do Estado de maneira equilibrada. Segundo a delegada Stephane Lima, deve-se considerar que a legislação do país trate de uma maior regularização interna das empresas, de modo a agir mais para conseguir fiscalizar o trabalho terceirizado. O delegado da França, 2º país com maior número de reatores (48), concordou com uma “responsabilização objetiva” do Estado e a criação de leis rigorosas de fiscalização.


As discussões da AIEA seguem e pretende-se que, até o final da sessão de hoje (18h), iniciem-se os debates a cerca do tópico B da agenda, que trata sobre transporte e armazenamento de material radioativo.

           

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